Como o hematologista pode ajudar na investigação dos abortos recorrentes

Os abortos espontâneos de repetição podem afetar, aproximadamente, 1% dos casais. Algumas causas devem ser investigadas: doenças endócrinas (Diabetes Mellitus e hipotireoidismo, por exemplo); defeitos anatômicos no aparelho reprodutor feminino (como útero bicorno e incompetência istmo-cervical); causas infecciosas (por exemplo, clamídia e vaginose bacteriana); causas imunológicas (aborto aloimune); causas genéticas (alterações cromossômicas no feto) e trombofilias.

As trombofilias são doenças que podem ser hereditárias ou adquiridas e que podem aumentar o risco de uma pessoa apresentar um trombo venoso e/ou arterial. Esse risco é ainda maior na gestação e no pós parto, que são períodos de hipercoagulação.  Neste momento de aumento da tendência de formação de um trombo, podem surgir: aborto, placenta prévia, crescimento intrauterino restrito e pré eclampsia. Os possíveis mecanismos envolvidos incluem a trombose dos vasos deciduais, a alteração na invasão trofoblástica e a formação de microtrombos na placenta.

A investigação do quadro de abortos de repetição pode ser multidisciplinar, ou seja, por especialidades diferentes. Assim, o ginecologista poderá investigar as alterações ginecológicas e as causas infecciosas, o endocrinologista poderá investigar as doenças endócrinas, o imunologista as alterações imunológicas e o geneticista as causas genéticas. O hematologista poderá fazer a busca das possíveis trombofilias hereditárias e adquiridas.

O uso do anticoagulante, como a enoxaparina, e de antiagregante plaquetário, como o AAS, deve ser avaliado pelo o hematologista após a conclusão da investigação das trombofilias hereditárias e adquiridas. O risco versus benefício no uso dessas medicações deve ser levado em consideração, e a indicação deve ser baseada em evidências clínicas.

dramirnacalazan

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